Você já ouviu falar dos testes de QI (quociente de inteligência). Também deve ter lido algo sobre inteligência emocional. Pesquisadores agora trabalham com uma nova perspectiva de inteligência: a espiritual – que estaria relacionada ao Ponto de Deus no cérebro.
O tema foi trazido à tona há duas décadas, quando os neurocientistas Danah Zohar e Ian Marshall escreveram o livro “QS: Inteligência Espiritual”, publicado no Brasil pela editora Viva Livros. Na obra, defendem a existência de um local no cérebro responsável pela espiritualidade.
O Ponto de Deus, segundo os cientistas, está localizado nos lobos temporais, regiões do cérebro localizadas acima das orelhas. São áreas com múltiplas funções: processam o reconhecimento visual e a percepção auditiva. Também estão ligadas à memória e às emoções.
De acordo com os pesquisadores, essas áreas são fortemente ativadas em momentos de transcendência e espiritualidade. Não só. Elas ainda são acionadas em “experiências com grandes insights, iluminações ou com a arte, abrindo-se à transcendência e à criatividade”, explica o especialista em inteligência espiritual Fabrício Nogueira.
Ainda que parte da comunidade científica aceite a existência desse ponto, não é algo unânime. Segundo o terapeuta holístico Eduardo Matere, há uma dualidade entre pesquisadores.
Crédito: Patrice6000/Shutterstock
E por que a inteligência espiritual é importante? Porque seria, ao lado da intelectual e da emocional, a terceira grande inteligência dos seres humanos, “capaz de criar conexões de sentido e significado entre todas as coisas”, diz Nogueira. É por meio dessas ligações e vínculos que o indivíduo é capaz de desenvolver também um sentido de vida, fundamental ao desenvolvimento da energia motivacional e nas relações interpessoais.
Matere acrescenta que tê-la desenvolvida é uma maneira essencial de lidar com as situações que enfrentamos diariamente em nossa vida. “Aprendemos a viver de uma forma harmônica, em vez de uma forma reativa.”
Ponto de Deus: é inato?
“A inteligência espiritual é algo que todos nós temos. É considerado o Ponto de Deus em nós”, destaca Matere.
Mas precisa ser desenvolvida. Para isso, diz Nogueira, é fundamental que esteja em pleno equilíbrio com as outras duas: a intelectual e a emocional. Segundo ele, um indivíduo com dificuldades emocionais profundas não conseguirá acessar com profundidade sua inteligência espiritual.
Ele completa: “É como se a inteligência espiritual já estivesse pronta. Para seu bom desenvolvimento, é necessário desobstruir impedimentos criados por fortes impactos emocionais, como inseguranças, medos e baixa-autoestima”.
No caso de uma pessoa desmotivada, exemplifica Nogueira, sua inteligência espiritual, capaz de lhe gerar sentido de vida e motivação, pode estar tomada por situações emocionais conflitantes. Isso a impediria de acessar o sentido e a motivação de viver. “Ela está imersa numa ruptura ou desequilíbrio emocional”, diz.
“Tais fraturas são impedimentos ao acesso à fonte maior e geradora de sentido, que é a inteligência espiritual.” Por isso, acrescenta o especialista, recomenda-se o autoconhecimento e processos terapêuticos de cura e de meditação, que sejam capazes de desobstruir tais caminhos. “Desenvolvê-la é desobstruí-la.”
Inteligência espiritual: desenvolvimento
Há algumas características que ajudam a determinar se uma pessoa tem alta inteligência. Segundo os neurocientistas Zohar e Marshall, são eles:
1. Autoconhecimento
Entender melhor suas próprias crenças e valores, bem como os fatores que a motivam.
2. Espontaneidade
Buscar a conexão consigo próprio, afastando medos e receios, além de sentimento de culpa.
3. Idealismo
Agir a partir de fortes princípios e crenças – e viver de acordo com seus propósitos.
4. Holismo
Pensar de forma holística, considerando o todo, e não apenas uma parte ou aspecto, bem como ter sentimento de pertencimento.
5. Compaixão
Ter uma profunda empatia com o outro, conectando-se com sentimentos e necessidades alheias e manifestando respeito e amor.
6. Respeito à diversidade
Valorizar as pessoas pelas diferenças, tendo consciência de que são fontes de aprendizado e transformação.
7. Independência
Demonstrar autonomia em relação à condução da própria vida, tendo a coragem de se colocar contra uma multidão para defender suas convicções.
8. Questionamento
Manifestar a tendência a perguntar os porquês, buscando entender as coisas e chegar à profundidade delas.
9. Adaptabilidade
Olhar a situação ou o problema de diversos ângulos, para ter uma visão mais ampla do contexto ou cenário.
10. Foco
Perceber a complexidade da vida sem perder a capacidade de focar o essencial.
Inteligência espiritual ao longo do tempo
“Há séculos e, até mesmo, milênios, a temática da espiritualidade é abordada de variadas maneiras”, explica Fabrício Nogueira. Segundo o especialista, ela já foi representada pela arte (gravuras rupestres), pela linguagem (construção dos grandes mitos caldaicos, mesopotâmicos, sumérios, greco-romanos e judaicos), pela filosofia, pela teologia e, nos últimos anos, pelas ciências, que se moveram na busca pelo entendimento do homem em todas as suas realidades.
Nas Idades Média e Moderna, “nasce de uma forma mais contundente a temática sobre o Ponto de Deus. Descartes [filósofo francês, 1596-1650] o reconhece como o lugar, dentro do ser humano, mais precisamente do cérebro humano, de onde emanam a preseesnça e as ações divinas”, afirma.
Fonte: https://institutomongeralaegon.org/longevidade-e-comportamento/ponto-de-deus
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